sexta-feira, 26 de setembro de 2014

País está sob o risco de epidemia de Chikungunya; Feira tem 306 casos suspeitos; doença já chega a Riachão

O bairro George Américo, em Feira de Santana, é dividido em ruas com nomes de letras, organizado em ordem alfabética: A1, B1, C1, D1, E1... Por lá, a febre Chikungunya já tomou conta do alfabeto inteiro.
Uma rua, especificamente, está chamando a atenção dos moradores pela quantidade de suspeitas da nova febre: a Rua R1, bem próxima à policlínica do bairro, que anda lotada.
“Eu não peguei ainda... Aqui a gente diz ainda, porque essa coisa já tomou quase tudo, de fora a fora”, disse um morador, enquanto indicava uma casa vizinha, onde a família inteira já enfrenta os sintomas há alguns dias.
“Meu marido tá indo trabalhar a pulso, para não ficar em casa. Eu já estou sentindo há uns dez dias e minha irmã já adoeceu também. Tem dia que meus dedos ficam tão inchados que eu tenho que tirar o anel”, contou a dona de casa Rosemeire Alves de Jesus, 28 anos, moradora da casa 511.
A Chikungunya, cujo nome de batismo significa “andar curvado”, no idioma kamakonde, falado em tribos da Tanzânia - país africano onde a doença apareceu pela primeira vez, nos anos 1950 - é transmitida pelo Aedes Aegypti, o mosquito da dengue, e pelo primo dele, o Aedes Albopictus. A doença também já chegou a Riachão do Jacuipe e outras cidades do interior baiano.
Mas nem a dengue é tão comum na R1: “Começou este mês e foi pegando todo mundo de vez”, disse Rosemeire. Ela, o marido e a irmã não são os únicos, definitivamente. A eletricista Josélia de Jesus Silva, 46, foi ontem pela primeira vez à Policlínica do George Américo para tentar acabar com as dores.
“Eu estava resistindo, porque meu marido veio, tomou uma injeção e não adiantou nada. Lá na rua, todo mundo pegou, tem uma senhora que ainda está se arrastando”, contou.
Josélia também mora na R1 e disse que esperava conseguir coletar o sangue ainda ontem para ter certeza. Na dúvida, ela diz que os vizinhos começam a limpar os quintais. Em Feira, onde 14 casos foram confirmados e há 306 suspeitos, o exame é feito nas policlínicas do George Américo, Parque Ipê, Rua Nova e Tomba.
Vizinhança Embora os casos em Feira de Santana tenham se concentrado nos bairros George Américo, Campo Limpo e Sobradinho, outros bairros da vizinhança já começam a notificar suspeitas da doença. No Parque Ipê, a enfermeira Jaqueline Felipe disse ter feito oito notificações somente na manhã de ontem.
A coleta feita nas policlínicas da cidade é enviada à central, no Tomba, para análise. A dona de casa Vaneide Teles Ferreira, 37, moradora da Rua Itaberaba, no Jardim Cruzeiro, relatou 15 dias de idas e vindas até a Policlínica da Rua Nova. Ela chegou a tomar nove injeções para dores na coluna até ouvir falar da Chikungunya.
“No começo, eu tava achando que era problema de coluna mesmo, mas aí eu fui tomando injeção (na policlínica) e não passava. Foi que eu percebi que era uma coisa diferente, porque a dor é no músculo, nas juntas”, disse. O marido de Vaneide, Reginaldo Cerqueira, levou a esposa à policlínica do George Américo na manhã de quarta-feira (24) para uma coleta de sangue.
A técnica da Vigilância Epidemiológica de Feira de Santana Maricélia Maia garantiu que a Secretaria Municipal de Saúde deve investigar por que Vaneide recebeu injeções para dor na coluna. “Mas se ela só se queixou de dores na coluna, quem atendeu ia imaginar que era alguma coisa na coluna”, ponderou.
Na rua onde Vaneide mora não possui calçamento e existe um esgoto a céu aberto. Além do matagal no final da rua, também há uma viatura abandonada. “Quando chega a época de dengue, eu tiro do meu bolso para dedetizar”, queixa-se Reginaldo. 
Fonte: Interior da Bahia

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